Independentemente do tamanho de uma loja de móveis, ou do tempo em que ela está presente no mercado, é comum que os seus proprietários se questionem diariamente sobre os motivos por estarem enfrentando dificuldades para alcançar lucro em seus negócios.
Vamos imaginar a seguinte situação: um consultor é chamado pelo gestor financeiro de determinada loja de móveis, para identificar o motivo pelo qual a loja não está obtendo lucro. Em suma, todo o controle da loja – de contas a pagar e de créditos a receber – é feito por meio de uma planilha de Excel, controlada apenas pelo gestor.
Por meio de uma análise, o consultor identifica que a loja conta com um sistema de gestão financeira, porém, não o utiliza de maneira correta e na sua totalidade. Logo, ao necessitar de um relatório de rentabilidade de uma venda, por exemplo, o gestor financeiro não contava com uma integração entre as áreas que disponibilizasse números de forma eficaz e eficiente.
Informações inconsistentes
Assim, as informações ficavam esparsas e só era possível obtê-las por meio de uma análise do extrato de contas bancárias e muitas planilhas. Ou seja, muito “achismo” e pouca evidência.
Não dominar as finanças da loja de móveis é um erro muito comum cometido por empresários do segmento. Com isso, deixam de avaliar por onde a empresa recebe oxigênio, e por onde sangra.
Para ter lucro, é necessária uma gestão financeira eficiente
É comum ouvir que o caminho do sucesso é trabalhar para si. Como se isso fosse capaz de garantir sucesso ao empreendedor. Porém, esta é uma visão um tanto quanto equivocada. Isso porque contar com um negócio próprio representa enfrentar uma série de desafios e obstáculos.
De nada adianta lamentar. Se um negócio não vai bem, é necessário avaliar como está a gestão financeira da empresa. Sem um bom controle de caixa mensal, não é possível estar atento às possíveis falhas e, dessa forma, a empresa nunca irá gerar lucro.
Entenda que tipo de empresário você é
Primeiramente, antes de entender os motivos pelos quais a loja de móveis não esteja lucrando, é necessário identificar o perfil de empresário que o proprietário possui. Dessa forma, sugere-se uma reflexão que aponta possíveis causas:
- Os donos da loja fazem retirada de pró-labore todos os meses?
- Entende a diferença entre pró-labore e divisão de lucros?
- As contas pessoais são pagas com o dinheiro da empresa ou com o pró-labore?
- Existe um controle do valor que é retirado todos os meses ou simplesmente são feitas retiradas esporádicas na medida em que as contas pessoais chegam?
- Existe algum tipo de controle financeiro na loja de quanto entra, quanto sai, quanto é destinado ao pagamento de impostos, à folha de salários e aos fornecedores?
- Caso a resposta anterior seja positiva, de que forma esse controle é feito? A loja utiliza algum sistema de controle ou utiliza uma planilha?
- Analisando o controle financeiro, é possível perceber onde há desperdício de dinheiro na empresa ou onde é possível cortar custos?
- Caso as respostas às duas perguntas anteriores sejam positivas, existe o hábito de analisar os números do controle financeiro?
- A loja conta com um fluxo de caixa?
- No demonstrativo financeiro, ficam claras as despesas variáveis e as despesas fixas?
- É feita uma previsão de décimo terceiro, férias e rescisões para não passar sufoco no final do ano?
- A loja possui empréstimos? Caso positivo, o valor total dos empréstimos corresponde a quantos meses de faturamento?
- A empresa costuma operar no vermelho?
- Existe um planejamento financeiro para os próximos meses?
- Caso a empresa deixasse de faturar hoje, por quanto tempo sobreviveria?
Contabilize suas respostas
Nesse item, após verificar estas perguntas, contabilize as respostas negativas e positivas. Com base nelas é possível identificar por cima o perfil de gestor que você é.
Em síntese, um bom gestor financeiro deveria responder positivamente senão a todas, ao menos à maioria das perguntas formuladas.
10 passos para melhorar a gestão financeira da loja de móveis e obter lucro
1. Estabeleça salário fixo para os sócios
Os conceitos de pró-labore e divisão de lucros são diferentes. Pró-labore como o próprio nome indica, serve para remunerar o trabalho do sócio que efetivamente presta serviços à empresa. Logo, quem recebe pró-labore? Os sócios que trabalham na empresa.
Muitos contadores orientam os empresários a estabelecerem um valor mínimo, como um salário, por exemplo, para que o restante da retirada seja computado na contabilidade como divisão de lucros.
O ideal, porém, é que seu pró-labore seja correspondente ao salário de um profissional que exerceria a função que você exerce dentro da empresa. O seu cargo é de administrador? Então verifique qual é o salário médio de um administrador conceituado no mercado e defina esse valor como o seu pró-labore.
2. Não pague contas pessoais com dinheiro da empresa
Esse é um erro comum que os empresários cometem. Lembra-se daquele princípio de que nós só podemos viver de acordo com que o que ganhamos? Então, o que mudou desde que decidiu empreender? Nada. Você continua sem poder gastar mais do que ganha.
Acredite, a ilusão de que você pode pegar o dinheiro da empresa para pagar o aluguel de um imóvel em um bairro nobre, de que pode usar o dinheiro para pagar a mensalidade da escola do seu filho ou um carro importado, vai apenas levar o seu negócio para o buraco.
Existe um imenso risco de confundir o seu patrimônio pessoal com o patrimônio da empresa. E acredite, não é uma boa ideia!
3. Lance no sistema ou na planilha de gastos todas as operações diárias, mas sem exceção! Pois do contrário, seu fluxo de caixa não será real.
Os lançamentos financeiros devem ser diários. Anote cada centavo para que o extrato bancário seja 100% compatível com o que você lançou no sistema! Não tenha medo de olhar para os números. Recusar-se a encarar a realidade não vai fazer a situação mudar, vai apenas paralisar você e consequentemente, a sua empresa.
4. Domine o conceito de fluxo de caixa
Você sabe o que é fluxo de caixa? De modo simples, é a relação entre entrada e saída de dinheiro num determinado período de tempo. O controle financeiro exige que você saiba como fazer o fluxo de caixa da sua loja de móveis.
Independentemente do modelo, para fazer o fluxo de caixa, é importante conhecer os elementos simples que devem constar nessa planilha.
Os elementos do fluxo de caixa são:
- Receita (tudo o que entra na sua empresa);
- Custos Variáveis (tudo que está relacionado ao produto ou serviço que você presta que não possua um valor fixo todos os meses, ex. pagamento do Simples Nacional, fornecedores, fretes, alimentos, comissões de vendedores);
- Despesas fixas (tudo o que você deve pagar todos os meses pelo mesmo valor como aluguel, contador, salários dos funcionários, assessoria jurídica, etc.);
- Margem de contribuição (será sempre o valor da receita diminuído pelos custos variáveis – VR – CV);
- Lucro Operacional antes dos Investimentos (Margem de contribuição – Despesas Fixas)
- Investimentos (pagamento de anúncios no Google, Instagram ou Facebook, compra de equipamentos novos, etc).
- Lucro não operacional (empréstimo bancário, distribuição de lucros entre os sócios, pagamento de empréstimo)
- Resultado Líquido (Lucro operacional antes dos investimentos – lucro não operacional.
Dicas de ouro:
Saiba categorizar corretamente as suas despesas. Um empréstimo bancário por exemplo, não deve ser lançado como receita porque não é lucro. Caso você lance o valor do empréstimo como receita operacional, isso vai mascarar o seu fluxo de caixa e criará a ilusão de que entrou mais dinheiro na empresa do que efetivamente entrou. Nessa hipótese você deveria lançar o empréstimo como lucro não operacional.
Do mesmo modo, caso você tenha pago R$ 1500,00 a um colaborador, mas apenas R$ 1000,00 como salário e o restante como comissão, separe os R$ 500,00 como custo variável e apenas R$ 1000,00 como custo fixo.
Com o cartão de crédito empresarial, faça o mesmo. Separe os gastos ao invés de lançar o total da fatura como despesa. Avalie o que foi pago com o cartão. O cartão pode ter sido usado para compra de materiais de papelaria, para compra de equipamentos, para o pagamento de anúncios. Categorize essas despesas e lance-as nos campos corretos. Não esqueça que despesas pessoais não devem aparecer nesse cartão né?
5. Não confunda faturamento com lucro
Após entender o fluxo de caixa, você já sabe que faturamento não tem absolutamente nada a ver com lucro. Uma empresa que fature R$ 450.000,00 por mês, por exemplo, não dispõe dessa quantia para gastar conforme a vontade dos donos. Portanto, não olhe para o saldo da conta bancária pensando que você pode gastar o dinheiro.
Lembre-se: O SALDO DA CONTA BANCÁRIA DEVE SER INTERPRETADO DE ACORDO COM O RELATÓRIO DO FLUXO DE CAIXA.
Uma empresa somente sobrevive se o seu faturamento for destinado primeiro ao pagamento de suas atividades operacionais e não operacionais. Dessa forma, apenas o que sobra desse cálculo pode ser computado como lucro e mesmo assim não deve ser sempre divido, pois é necessário ter reserva de caixa.
Segundo o Sebrae, a lucratividade mínima de uma empresa deve ficar em torno de 5%. Já parou para pensar no que isso significa para uma empresa que fatura R$ 450.000,00? Isso mesmo, R$ 22.500,00 de lucro. Percebe como os números enganam se não forem analisados e interpretados em um contexto?
6. Analise o relatório de fluxo de caixa
Lembre-se de que apenas controlar a entrada e saída de dinheiro não significa que você é um bom gestor. Para isso, é preciso fazer o controle financeiro e utilizar os números para tomar decisões inteligentes.
Se os custos fixos estiverem altos, o que é possível fazer para reduzi-los? É possível diminuir gastos com as contas de luz e água? O seu quadro de funcionários é adequado para sua realidade? O regime de contratação dos colaboradores é o mais indicado? Como aumentar a lucratividade? Como engajar os funcionários? A política comercial está adequada? Para encontrar todas essas respostas o fluxo de caixa pode ajudar.
7. Faça a conciliação bancária uma vez na semana
Conciliação bancária é a verificação entre o saldo do banco e o saldo que aparece na planilha/sistema de controle financeiro. Em síntese, o saldo das contas e os lançamentos devem ser milimetricamente compatíveis com a sua planilha. Dessa forma, não existe outro modo de identificar se todas as operações financeiras foram de fato, registradas.
8.Tenha um planejamento financeiro para os próximos 6 meses
Se a sua empresa parasse de faturar hoje, quanto tempo seria capaz de suportar? O ideal é que uma empresa seja capaz de sobreviver pelo menos por seis meses caso o faturamento seja reduzido.
A falta de planejamento é uma das causas mais frequentes de fracasso financeiro, então fique muito atento a isso.
A EMPRESA NÃO PODE FATURAR HOJE O QUE PRECISA PAGAR AMANHÃ, esse é o caminho mais rápido para a falência.
Invista no seu negócio com carinho, seja responsável com o dinheiro.
9.Não retire lucros excessivos da empresa
Caso você não pague primeiro os custos do seu negócio, ele se tornará insustentável. A falta de pagamento de serviços essenciais vai paralisar a sua loja. Assim, avalie se você pode retirar lucro da empresa e, caso possa, tente fazer o mínimo de retirada enquanto seu negócio estiver no período inicial.
10. Pense na sua empresa com cabeça de empresário
O sucesso nunca é de graça. Antes de mais nada exige estratégia exige planejamento e acima de tudo: paciência. Logo, estude, agregue conhecimento, seja responsável pelo futuro do seu empreendimento. Não seja o gestor que administra a empresa avaliando apenas o que existe na conta e o que existe a ser pago. Ou seja, planeje a continuidade dos seus negócios.
Agora que você já sabe o que é necessário para a sua loja de móveis ter lucro, é importante entender porque é importante trocar suas planilhas de excel por um software de gestão!